A caminho da Caldeira de Santo Cristo

Durante um dos nossos Programas de Caminhada, percorremos um total de quase 100 km de trilhos pelas Ilhas do Triângulo. Na peculiar ilha de São Jorge, descemos um trilho que nos leva por paisagens incríveis até chegarmos à tão famosa Caldeira de Santo Cristo.

A Fajã da Caldeira de Santo Cristo é um local muito especial. Tornou-se cada vez mais popular nos últimos anos e, embora a fajã tenha mudado um pouco com a pressão do turismo local, achamos que a caminhada até lá continua a ser “obrigatória”.

Depois de passarmos pela Caldeira de Santo Cristo, terminamos o trilho na Fajã dos Cubres. Esta fajã não sofre de tanta pressão turística e é gratificante terminar a caminhada numa zona húmida classificada como local de importância ecológica internacional ao abrigo da Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional (Ramsar). A fantástica lagoa que ali podemos encontrar é de grande importância para as aves marinhas como o cagarro (Calonectris diomedea), o garajau (Sterna hirundo), o garajau-rosado (Sterna dougallii), o garajau-escuro (Sterna fuscata), a galinhola (Scolopax rusticola), o rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus), a Narceja-comum (Gallinago gallinago), etc.

São Jorge é uma das poucas ilhas privilegiadas dos Açores com caudais permanentes de ribeiras de água pura, e por isso decidimos dar um mergulho numa das suas cascatas. Dependendo da época do ano esta água pode estar bem gelada mas será sempre uma experiência a não perder.

#ourislandway

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Nos trilhos com o Pedro

O nosso guia Pedro está no seu habitat natural sempre que faz uma caminhada, e pode ser visto regularmente ao longo dos trilhos açorianos.

Antigamente os trilhos serviam para aceder às festas das freguesias vizinhas ou para transportar mercadorias como legumes e peixe. Quando não era possível faze-lo de barco, muitas vezes esta era a única opção de transporte.

Hoje em dia são caminhos perfeitos para libertar o stress do dia-a-dia, fazer exercício, manter-se ativo e saudável, enquanto conhece mais sobre o património histórico e cultural, plantas e animais. Caminhar é um desporto completo para qualquer pessoa e a melhor forma de entrar em contacto com o modo de vida açoriano.

Nas ilhas do Triângulo dos Açores (Faial, Pico e São Jorge) existem 21 percursos pedestres oficiais (trilhos marcados) que nos levam a alguns locais, muitas vezes apenas acessíveis a pé. São muitas as paisagens que podemos explorar: fajãs (pequenas zonas planas ao nível do mar, localizadas no fundo das falésias altas da ilha), cascatas, montes, vulcões e montanhas, entre elas, o Pico, que é a montanha mais alta de Portugal.

O Pedro é um apaixonado por tudo o que é relacionado com o património histórico, cultural e natural açoriano. Ao acompanhá-lo, ele irá partilhar a sua paixão pelas ilhas de uma forma única e divertida.

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Que equipamento devo levar para fazer caminhadas com a Our island?

hiking with Our island
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SUBIDA AO PICO

  • 2L de água por pessoa
  • Sandes ou similar para o almoço
  • Comida energética: fruta, frutos secos, chocolate, etc.
  • Botas de montanha ou sapatos de caminhada em trilhos (levar meias grossas)
  • Impermeável
  • Vestir em camadas, de preferência roupa leve, para estarem preparados para frio, vento e chuva, mas também calor (as temperaturas variam muito com a altitude e consoante as condições atmosféricas)
  • Protetor solar
  • Chapéu
  • Pode ser necessário luvas
  • Mochila para carregar tudo
  • Nós fornecemos um bastão de caminhada por pessoa

DESCIDA À CALDEIRA

  • 1,5 L de água por pessoa
  • Comida energética: fruta, frutos secos, chocolate, sandes, etc.
  • Botas de montanha ou sapatos de caminhada em trilhos
  • Impermeável
  • Vestir em camadas, de preferência roupa leve, para estarem preparados para frio, vento e chuva, mas também calor (as temperaturas variam muito com a altitude e consoante as condições atmosféricas)
  • Calças (a vegetação é densa)
  • Protetor solar
  • Chapéu
  • Mochila para colocar tudo (o trilho é estreito e íngreme, é importante ter as mãos livres)
  • Nós fornecemos um bastão de caminhada por pessoa

CAMINHADAS “NORMAIS”

  • 1,5 L de água por pessoa
  • Comida energética: fruta, frutos secos, chocolate, sandes, etc.
  • Botas de montanha ou sapatos de caminhada em trilhos
  • Impermeável
  • Vestir em camadas, de preferência roupa leve, para estarem preparados para frio, vento e chuva, mas também calor (as temperaturas variam muito com a altitude e consoante as condições atmosféricas)
  • Protetor solar
  • Chapéu
  • Mochila para colocar tudo
  • Nós fornecemos um bastão de caminhada por pessoa

Verão em família



O verão é a melhor época do ano

Quando eu era criança passava horas infinitas à beira-mar. Pescar, nadar e explorar o fundo do mar com a ajuda da máscara de mergulho que os meus avós me ofereceram.

Aprendi a nadar na praia da Fajã, no porto da Eira e nas piscinas naturais do Varadouro. Sempre com a cabeça debaixo de água, pulando de uma piscina de maré para a outra, contemplando a vida marinha em toda a sua variedade e esplendor. Foi assim que conheci o peixe Caboz e o Peixe Rei.

Ao longo da minha infância aprendi a pescar, a apanhar lapas e algas comestíveis e a apreciar a vida.

Cresci com um corte aqui, uma ferida ali; cair da bicicleta, explorar trilhos e ter um gancho fundo nas mãos, nos intermináveis dias de verão.

Agora que já não sou criança, gosto de partilhar as minhas experiências com as famílias que nos visitam. Assim posso mostrar às crianças como é crescer nos Açores.

Pedro Escobar – Guia na Our island

Viver nos Açores

Os Açores são uma região que respeita fielmente a sua cultura e a sua língua.

Tenho estado a tentar descobrir o que há de tão especial nestas ilhas que, ao pormos os pés nelas, desejamos nunca mais sair. Depois de 18 meses a viver nos Açores, acho que finalmente tenho a resposta.

Cresci numa aldeia na costa leste de Espanha. Da minha janela avista-se o mar. Passei a minha infância a brincar no campo, correndo atrás das galinhas, roubando pêssegos e figos das árvores, nadando no rio e dormindo à sombra das árvores.

Ao viver nos Açores, percebi que tem muitas semelhanças com a minha terra natal. 

Antes de mais, ao estarmos rodeados pela natureza, sentimo-nos na obrigação de cuidar dela e conservar a sua riqueza. A natureza é um dos principais tesouros das ilhas. Pessoas de todo o mundo vêm de propósito caminhar pelas montanhas e nadar nas águas cristalinas do Atlântico.

black and grey

Os açorianos são amáveis e simpáticos, sempre dispostos a oferecer um lugar à mesa e uma boa história para contar.

No dia 20 de Julho de 1997, uma revista espanhola publicou um artigo com o título “Açores, escondidos pelo oceano”. O artigo concentra-se na experiência de um jornalista e de um fotógrafo que viajaram pelas ilhas. O que me surpreende neste artigo é que ele poderia ter sido escrito hoje. Vinte e um anos depois, ainda é possível sentir o cheiro da tenra relva dos campos, ver as nuvens a correr à velocidade da luz e as criptomérias a dançar ao sabor do vento.

Embora a pegada humana descontrolada esteja a danificar o ecossistema, há pessoas preocupadas e dispostas a protegê-lo. Não é uma tarefa fácil, com certeza, mas necessária para preservar a biodiversidade das ilhas para quem vem depois.

Viajar pelo arquipélago não só me deu a oportunidade de aprender sobre a relação entre as pessoas e o meio ambiente, mas também sobre o seu modo de vida. Os açorianos são amáveis e simpáticos, sempre dispostos a oferecer um lugar à mesa e uma boa história para contar. Tive a sorte de estar rodeada de pessoas maravilhosas. Pessoas que trabalham para um futuro melhor das ilhas, para um desenvolvimento económico e ambiental sustentável.

Os Açores são uma região que respeita fielmente a sua cultura e a sua língua. De onde eu venho, expressar a nossa identidade como região é muitas vezes confundido com nacionalismo. Não conheço pessoas tão apaixonadas como os açorianos pela sua herança e pelas suas tradições. Não importa se se trata de navegar pelo mar num bote baleeiro ou descer até à capela em procissão. Admiro a forma como eles se unem, seja para comemorar ou para se ajudarem quando é necessário.

Embora eu já não seja uma criança, sinto que cresci de alguma forma. Viver nos Açores ensinou-me a agradecer o dia-a-dia e a valorizar a vida nas pequenas coisas.

Aqui todos os dias valem a pena comemorar. Isto foi o que mais me fez sentir em casa, mesmo estando a milhares de quilómetros de distância.

Tenho a certeza que muitas coisas mudaram desde 1997, mas a essência é a mesma. A verdade é que as pessoas continuam a chegar e encontram sempre um motivo para cá ficar. A quem pergunto, a resposta é sempre a mesma: “porque aqui a vida é melhor”.

Por Maria Vicent (de Valência) 

– media manager na Our island

black and grey

Um guia fácil para começar a fazer compostagem em casa

composting at home

 

Fazer compostagem não só reduz o lixo nos aterros como também melhora a terra do seu quintal em casa. De acordo com a EPA, “O composto é material orgânico que pode ser adicionado aos solos para ajudar as plantas a crescer”. Isso significa uma produção maior, flores mais bonitas, e um jardim saudável e tudo isto sem custos adicionais uma vez que começarem a guardar os desperdícios e os comecem a transformar em comida para as plantas. Sigam os nossos passos e ficaram surpreendidos com as mudanças nos vossos jardins e a quantidade de lixo produzido irá cair drasticamente.

                                                                                 

Porque deveria fazer compostagem?

 

É uma das maneiras mais eficazes de minimizar a quantidade de lixo que a sua família envia para o aterro. Cerca de 30% do que mandamos fora são restos de comida e resíduos de jardim, diz a EPA. Não só reduz o gás metano mas também controla o cheiro do lixo. E a maior recompensa? Ficará com um fertilizante rico para o seu jardim ou para doar á sua causa favorita.

  • Como posso fazer uma caixa para composto? Escolha um lugar ao ar livre para a sua compostagem – Vai precisar de pelo menos 1m quadrado de espaço. Um lixo fechado é uma boa opção se estiver preocupado com a aparência (ou cheiro) da sua compostagem. Pode facilmente fazer um contentor, pedir um online ou comprar um numa loja de ferragens ou jardinagem. Procure um lixo com cerca de 1m de diâmetro e que não seja mais alto que a sua cintura. Use uma rede de arame ou cerca para protejer o seu composto de animais como guaxinins (ou o cão do vizinho).

  • O que posso usar para composto? Pode adicionar praticamente tudo que venha da sua cozinha e/ou jardim – Alguns materiais surpreendentes dos quais podemos fazer compostagem são por exemplo, cascas de ovos, flores cortadas, borra de café (e filtros de papel), jornais velhos, saquinhos de chá e o próprio chá, cabelo (dos animais de estimação ou até mesmo o seu!), palitos e até fósforos.

  • O truque é colocar quantidades parecidas de resíduos “verdes” e “castanhos” . Resíduos “verdes” incluem matéria húmida como frutas e vegetais, e resíduos “castanhos” são matéria seca como madeira, folhas secas e até mesmo jornais velhos. É importante manter um bom equilíbrio entre os dois visto que os “castanhos” são ricos em carbono que alimentam os organismos e os “verdes” fornecem nitrogênio que em conjunto são a chave para criar boa compostagem.

  • O sua compostagem também precisa de oxigénio e humidade. Sem ar o seu composto vai começar a apodrecer e cheirar mal. A humidade ajuda muito na compostagem, deite agua no composto de vez em quando a não ser que ja esteja tudo naturalmente húmido. Com a mistura certa o seu composto deve cheirar apenas a terra.

  • Existe alguma coisa que não possa compostar? Laticínios e produtos de origem animal são compostáveis embora ao final de um tempo poderão começar a cheirar mal e a atrair pragas pelo que é melhor deitar fora num lixo normal. O mesmo se aplica a gorduras, óleos e fezes de animais de estimação. Além disto, se tiver uma planta doente ou infectada por insetos, não a coloque no composto pois poderão estragar o composto tornando-o inutilizável.

  • Quanto tempo leva a compostagem? Ao final de algumas semanas, os seus restos de comida ja se devem ter transformado em solo. Vá revirando o seu composto de uma ou de duas em duas semanas com um garfo ou com uma pá de jardim. Se não notar nenhum progresso após algumas semanas, adicione mais resíduos “verdes” e certifique-se que o composto está sempre húmido. Caso esteja demasiado sumido e fedorento, adicione mais resíduos “castanhos” e revire o composto mais frequentemente. Além disto, parta sempre quaisquer resíduos grandes (como galhos) para deixar o ar circular. O seu composto estará pronto quanto tiver um cheiro semelhante a terra

  • Como posso usar o meu composto? Coloque nos seus vasos ou jardim em conjunto com a terra normal pois o composto não substitui a terra, apenas atua como um fertilizante natural para nutrir o solo e as plantas. Vá adicionando várias vezes durante o ano para obter melhores resultados.

  • Posso fazer compostagem dentro de casa? Absolutamente, quer esteja num apartamento ou numa casa sem quintal, pode ter um pequeno compostor na sua cozinha para que não tenha de por os restos de comida para o lixo. Os especialistas do instituto “good housekeeping” partilham dicas e ideias para fazer composto sem interessar o local onde more.

                                       

                                           

Então, o que podes realmente fazer para fazer o teu próprio composto?

 

1. Arranje um pequeno caixote com tampa.

Quer você opte por uma caixa de plástico ou de aço inoxidável, certifique-se de que vem com uma tampa. As de plástico podem absorver odores, explica Laurie Jennings, diretora institucional do GH, que é o motivo pelo qual ela usa um balde de gelo de aço inoxidável antigo com uma tampa na sua bancada para ir recolhendo o material compostável.

2. Coloque o seu composto em sacos biodegradáveis.

Embora seja tentador reutilizar os sacos de plástico do supermercado, estes não são biodegradáveis pelo que podem anular todo o propósito de fazer compostagem.

3. Armazene os sacos com composto no seu congelador!

Você vai querer substituir o saco com o composto regularmente. Quando a sua caixa de composto estiver cheia, amarre o saco e coloque-o no congelador (sim, é a sério!). Isso tornará o composto mais fácil de transportar, irá eliminar qualquer odor e interromperá a decomposição ativa.

4. Encontre um local que tenha o serviço de coleta ou um local onde possa deixar o seu composto.

Se você não tiver um jardim onde utilizar o seu composto, procure se na zona onde mora tem alguma comunidade que o recolha. Entre em contacto com a sua câmara local ou visite o site da compost que tem uma lista com todos os locais do pais onde fazem coleta regular mesmo á porta de casa. Se for você mesmo a levar o composto á comunidade veja com eles onde têm as suas áreas designadas para a compostagem.

Referência: https://www.goodhousekeeping.com/home/gardening/advice/a23945/start-composting/

Natal Reciclado

Sabendo que está a chegar a 8ª semana do Resíduos dos Açores bem como o Natal, queremos ter presente a importância do reaproveitamento, diminuindo assim o desperdício de resíduos.

Durante a nossa infância, o primeiro fim de semana de dezembro era sempre dedicado a fazer a tão esperada árvore de Natal. Passávamos o dia a montar a árvore, colocando as suas decorações e no final vinha a nossa parte favorita, colocar as luzes á volta da árvore. Era sem dúvida um dia de alegria para todos nós, que como crianças, adorávamos este tempo junto dos nossos pais.

A única desvantagem, que na altura nem nós nem os nossos pais pensávamos, era a própria árvore. Era ou um cedro japonês cortado ou uma árvore de plástico de uma loja qualquer. Além disso, as bolas coloridas eram também feitas de plástico e queríamos sempre bolas novas todos os anos.

Perante os tempos de abuso do plástico em que a nossa sociedade vive, porque não sensibilizar para esta questão e oferecer alternativas a este consumismo natalício?!

Sabemos que às vezes é difícil quebrar a tradição, mas, neste caso específico, temos a certeza de que vale a pena procurar uma alternativa mais sustentável.

Qualquer criança iria adorar passar o dia a construir a sua própria árvore do zero. Seria tempo de qualidade passado em família onde entretanto, reutilizavam materiais e peças antigas numa linda árvore de natal. Além disto, a sua construção seria divertida, diferente e única pois não haverá nenhuma outra estrela de madeira como aquela que fizeram com tanto entusiasmo.

Então lançamos o desafio para este Natal, e postamos algumas imagens inspiradoras na esperança de que algumas famílias adotem esta ideia nos próximos anos.

Nós também ja estamos a pensar na nossa próxima árvore de natal!

– A equipa Our Island

Trail Running descendo e subindo fajãs

Nos 53 km de comprimento e 8 km de largura da ilha de São Jorge podemos encontrar cerca de 80 fajãs ao longo da sua costa. Chamamos de “fajãs” ás pequenas áreas planas que se encontram ao nível do mar localizadas junto das altas falésias da ilha. Estas “fajãs” podem ser o resultado de fluxos de lava causados por erupções vulcânicas ou o resultado da acumulação de detritos provocados por deslizamentos de terra.

O trail running é um desporto praticado cada vez mais cá nos Açores. Podemos ver o número de corridas e de atletas a crescer a cada ano e hoje em dia já vemos muitos locais a praticar este desporto em plena natureza açoreana. Nas ilhas do triângulo existem dois eventos importantes onde participam tanto locais como estrangeiros. O Azores Trail Run é uma prova na ilha do Faial que integra 4 provas distintas (70km, 48km, 22km, 10km) e resulta numa excelente experiência porque para além de atravessar a ilha de uma ponta a outra, é um percurso com diversas paisagens muito diferentes até chegar à linha de chegada no extremo oeste da ilha: o vulcão dos Capelinhos. O Azores Triangle Adventure é uma prova que passa pelas 3 ilhas do triângulo, tem um total de 100km em 3 dias, 1 dia em cada uma das ilhas.

A ilha de São Jorge apresenta características espetaculares para a pratica do trail running por ter vários trilhos que passam por diversas fajãs onde nos proporcionam vistas incríveis, de um dos lados temos a montanha, do outro o mar.

Barcos de madeira de Santo Amaro

making of a boat

Situada na costa norte da ilha do Pico e virada para a ilha de São Jorge, podemos encontrar a vila de Santo Amaro, a terra dos barcos. Esta freguesia, que não possuía uma baía, nem um porto naturalmente protegido, nem uma boa rampa para os barcos maiores que ali eram construídos, foi durante muitos anos um lugar onde se concentrou o conhecimento, o empreendedorismo e as mãos necessárias para a construção naval em madeira. Santo Amaro é a grande referência no que diz respeito ao artesanato de navios no Arquipélago dos Açores.

Porém, a mão de obra, os homens que durante anos cortaram as árvores e fizeram os barcos, não eram todos de Santo Amaro. Muitos vinham de outros locais da ilha do Pico e da ilha vizinha de São Jorge, como é o caso do mestre João Alberto das Neves, que veio desde muito cedo trabalhar para Santo Amaro nos estaleiros do mestre José Costa.

Hoje, Santo Amaro não é a terra da construção naval de outros tempos. A construção de barcos de madeira foi adiada pelo uso de barcos de fibra de vidro e produção em série, saindo mais barato e mais rápido. A produção local de embarcações foi reduzida a pequenos barcos de pesca ou a manutenção de barcos baleeiros.

Tudo o que o mestre João Alberto aprendeu foi em Santo Amaro, com outros mestres mais velhos do que ele, e faz questão de nos ensinar esse conhecimento empírico acumulado, sempre citando os seus mestres. Conta-nos que aprendeu “isto” com o mestre Januário de São Roque, “aquilo” com o mestre Gambão das Velas e “mais isto” com o mestre Rachinha da Calheta.

Hoje, ele é o último mestre dono de um estaleiro que viveu o apogeu da construção naval em Santo Amaro. Na época da construção da famosa “Frota Azul”, o capitão construía de raiz nove atuneiros, com cerca de 30 metros de comprimento cada (98 pés), como o “Falcão do mar”, a “Pérola de Santa Cruz”, “Balaia“ e a “Flor do Pico”. Mas ele não os construiu sozinho e, mais uma vez, faz questão de lembrar todos os homens que trabalharam com ele nas diferentes especialidades.

Hoje, o mestre está a construir uma peça extraordinária: um atuneiro na escala 1:10. É uma réplica da “Balaia”, como se fosse um verdadeiro navio. Assim, ele consegue explicar como foram construídos os barcos em Santo Amaro, desde as técnicas aplicadas até às melhorias introduzidas ao longo do tempo.

Os quatro atuneiros mencionados acima e construídos no estaleiro do mestre João Alberto, continuam a navegar e a pescar nestes mares.

Luís Bicudo, Our island Guide

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wooden boat maket
a men wooden boat maket
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Programa de “Slow As Fuck” Trail Running com a Mirna Valerio

 

Conhecemos a Mirna no ano passado, durante a prova Azores Trail Run – Grande Rota dos Baleeiros dos Açores. Sentimo-nos imediatamente atraídos pela sua aura. E pelo seu talento, inteligência, cultura e a sua capacidade de quebrar com os preconceitos e estereótipos. Actualmente, a Mirna é uma das mais importantes embaixadoras das actividades ao ar livre da América, inspirando as pessoas a sair de casa, a serem activas e a desfrutar e respeitar a Natureza e umas às outras. Ela defende que o desporto e as actividades ao ar livre não são apenas para os privilegiados com uma genética perfeita; que não precisas de ter um certo tipo de corpo para ser ativo. Ela apenas te motiva a sair de casa e ser activo. E as pessoas ouvem e ficam a sentir-se melhores com elas mesmas.

No ano passado, depois da corrida, o Luís levou a Mirna (e outros amigos americanos) para um passeio. Enquanto se conheciam e divertiam, a Mirna teve uma ideia maluca: “será que a Our Island me pode ajudar a organizar um Slow As Fuck Trail Running para a equipa Mirnavator para a edição do ATR 2019?” A resposta foi: claro que sim! Trabalhámos juntos na organização de um programa activo de uma semana, com a corrida ATR como objectivo final.

A equipa de mulheres da Mirna foi incrível. Todas elas estavam ansiosas para aprender mais, explorar novos sítios, caminhar e correr muitos km’s, desde o primeiro dia. No programa estava planeado correr em alguns trilhos para reconhecimento dos segmentos da corrida. O Luís partilhou a sua experiência nos trilhos e no terreno dos Açores. Ensinou técnicas úteis de progressão para permitir uma melhor segurança e gestão de energia durante a corrida. Ele também ajudou a dominar o uso de “postes”, exemplificando como deveriam ser usados em situações diferentes. Dentro e fora dos trilhos, Pedro e Luís compartilhavam a cultura e história portuguesa e açoriana. Estivemos juntos em piqueniques e jantares de grupo. E visitámos a ilha do Pico, nadámos no oceano e até fomos fazer observação de baleias com o nosso parceiro e amigo Pedro da Azores Experiences.

O grande dia chegou e foi uma festa: muitos atletas nos trilhos, a divertirem-se, a competir, a celebrar a vida, a natureza e o respeito mútuo. Naquele dia Luís trabalhou como o “varredor particular” da equipa Mirnavator, ajudando os mais lentos do mais lento a alcançarem o seu objetivo. No fim do dia, a equipa Mirnavator é bem sucedida, com 10 de 12 a chegar à linha de chegada. Todos estavam a sorrir, gratos e agradecidos por esta experiência. A equipa Mirnavator foi lenta, mas foi forte, saudável e preparada. Obrigado Mirna por nos fazeres perceber que qualquer um pode correr.

Obrigado Mirna por nos fazeres perceber que qualquer pessoa consegue correr! #themirnavator

 
trailrunning people in the azores
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